Odisséia
A Guerra de Ulisses é conseqüência da Guerra de Tróia.
Ainda se pode ver,com alguma especial atenção, fumaças que brotam
das cinzas de Tróia.
O mundo sem Tróia é outro mundo, exige mudanças, quiçá radicais,
necessárias à vida sem Tróia, afim de que se consiga suprir esta falta e
vencer todas as vicissitudes advindas dela.
Ulisses, guerreiro em Tróia, tem uma pátria, uma ideologia, um
passado e um futuro: Itaca, Penélope, a mãe e Telêmaco.
Para Ulisses a conseqüência imediata da guerra, foi o ataque a
Itaca, por ladrões.
Com o final da guerra ele inicia sua viagem de regresso,
desconhecendo os atentados que teria que suportar e vencê-los e a batalha
sangrenta que lhe aguardava em Itaca, pelo direito de ser livre e sonhar o
futuro.
Os atentados se dividiram em sedução e força, mas em momento
algum, quem o atacou foi transparente. Lutou para não morrer, sem saber a
razão ou paixão para desejarem assassiná-lo.
Promessas, envenenamento, cantorias, prisão. Ninfa, bruxa
travestida de fada, sereia, ciclope, monstro.
Com tudo isto, teve oportunidade do exercício da solidariedade e
desfrute do convívio fraterno.
A convicção ideológica representada por Penélope, deu a ele força
para enfrentar as armadilhas no regresso e a batalha final. Pela ideologia a garantia
da liberdade para viver e morrer livre na Itaca livre, com a certeza ainda de
liberdade para o futuro.
As aventuras vivenciadas por Ulisses, como as fumaças de Tróia,
podem ser identificadas no embate da direita com a esquerda, ora e outra alguém
se assume como Ulisses ou um de seus algozes para protagonizar as mesmas cenas.
Mesmo conhecendo-se a história, os ladrões de Itaca não se conformam e insistem
no assassinato de Telêmaco, a partir de numa vulnerabilidade imaginada, em
Penélope.
E nunca se pensou que não basta vencer Ulisses sem vencer
Penélope.