Um pouco de Jean-Jacques Rousseau (1712-1778). Contado
por Leanrdro Konder:
Rousseau não confia na razão humana: prefere confiar
mais na natureza.
Os homens nascem livres, a natureza lhes dá a vida com
liberdade, mas a sociedade lhes tira o exercício da liberdade natural. O
problema, então, é assegurar bases para um contrato social que permita aos
indivíduos terem na vida social uma liberdade capaz de compensar o sacrifício
da liberdade com que nascem.
Assim, diz que os conflitos de interesses entre os
indivíduos tornam-se exagerados, que a renda é mal distribuída, o poder fica
concentrado em poucas mãos, as pessoas são escravizadas ao seu próprio egoísmo.
Considera necessária uma democratização da vida social; as comunidades
efetivamente democráticas não podem basear-se em critérios formais, puramente
quantitativos (a vontade de todos): precisa apoiar-se numa vontade geral criada
por um movimento de convergência que levará os indivíduos a superarem a
estreiteza do egoísmo deles, que os levará a se reconhecerem concretamente uns
nos outros e a adotarem uma perspectiva universal (verdadeiramente livre) no
encaminhamento de soluções para seus problemas.
Os caminhos que devem ser seguidos para que os homens
cheguem a essa "convergência", a essa "universalidade",
exigem a remoção de muitos obstáculos. Diz que as mudanças sociais profundas,
realizadas por sujeitos coletivos, não costumam ser tranqüilas; diz que as
transformações necessárias por ele apontadas devem ser um tanto tumultuadas. E
que "um pouco de agitação retempera as almas; e o que faz avançar a
humanidade é menos a paz do que a liberdade". Não se intimidar pela
"ideologia da ordem", de conteúdo nitidamente conservador.